FILOSOFIA NO ESTUDO DA EDUCAÇÃO
Por Vilson Arruda
Após interpretar os textos propostos pelo professor e Dr. Evaldo Kuiava, definir filosofia e filosofia da educação não é uma questão simples, pois a sua pluralidade conceitual varia de acordo com a concepção epistemológica defendida pelos diferentes filósofos. Para alguns, a filosofia deveria se preocupar com a essência, para outros a atenção deveria voltar-se para o fenômeno, uns acreditam que a busca da verdade é a função da filosofia. Platão considerava a filosofia como o desenvolvimento do saber em benefício do homem.
Etimologicamente, Filosofia significa “amor à sabedoria”. Portanto, é relação amorosa, é desejo não apenas de conhecimento em geral, mas um conhecimento que nos permita saber viver e dar sentido às nossas vidas, o que é expresso pelo termo grego sofhía – sabedoria.
Para esta discussão, iremos considerar a concepção de Filosofia da Educação de Prof. Dr. Evaldo Antônio Kuiava que diz: (..) "A filosofia da educação não visa fornecer meios de educação, nem estabelece técnicas ou métodos. Ela procura compreender a educação na sua integridade. Interpreta-lá através de conceitos gerais, os objetivos que a guiam, a ação educativa e suas diretrizes. Examina a racionalidade das idéias educacionais e os processos através dos quais se quer atingir determinados fins. Tenta, sobretudo, refletir sobre a multiplicidade de abordagens existentes e esclarecer qual delas contribuirá melhor para o tipo de pessoas que se quer formar. Sem indicar caminhos metodológicos, ela investiga o que está subjacente às metodologias".
De acordo com esses princípios, a capacidade do educador de pensar sobre sua prática cotidiana, vai muito além de enumerar as teorias da educação de acordo com as concepções pedagógicas e de saber se está sendo construtivista, tradicionalista, idealista ou racionalista. A atitude filosófica requer a habilidade de identificar, analisar e resolver os problemas da educação. Seguindo o raciocínio de Kuiava, o papel da Filosofia na Educação é de oferecer aos educadores um método de reflexão que lhes permitam encarar os problemas educacionais, penetrando na sua complexidade e encaminhando a solução de questões tais como: conflito entre filosofia de vida e ideologia na atividade do educador, a relação entre meios e fins da educação, a relação entre teoria e prática, os condicionamentos da atividade docente, até onde se pode contá-los ou superá-los. Entendemos que os educadores precisam compreender que consciente ou inconscientemente toda prática pedagógica está embasada numa teoria, numa filosofia, ou seja, numa concepção de mundo, de educação e de cidadão que se pretende formar. Esta deveria ser a primeira definição a ser feita, antes mesmo de se definir quais os objetivos da educação.
Atuando há 32 anos como professor, em sala de aula, tenho observado, ao longo dos anos, que a educação tem sido pautada pelos princípios do silêncio, da obediência, do autoritarismo, da hierarquia, da ordem, da passividade, da dissimulação, (fingir o ensinar e o aprender) da omissão, da exclusão, da rotulação e da desigualdade. Como resultado dessa prática espera-se que o aluno seja um cidadão crítico, atuante, participativo, honesto, solidário, criativo e humano. É a grande contradição se revelando entre o discurso e o fazer pedagógico.
Concordo com Kuiava quando cita que um educador que quer educar alguém, sem ter uma filosofia, independente de qualquer corrente de pensamento, é tão absurdo como a de quem tem a pretensão de guiar uma pessoa sem saber o por quê, o para quê, de onde, por onde ou para onde a dirige. As respostas para estes questionamentos devem estar explícitas no Regimento Escolar, pois é onde se encontra os princípios e os ideais de cidadão que se quer formar na sociedade, como também a prática pedagógica que será trabalhada no processo educacional.
Nos saberes necessários à prática docente, Paulo Freire nos ensina: "No processo de fala e escuta, a disciplina do silêncio a ser assumida com rigor e a seu tempo pelos sujeitos que falam e escutam é um “sine quo” da comunicação dialógica. O primeiro sinal de que o sujeito que fala sabe escutar, é a demonstração de sua capacidade de controlar não só a necessidade de dizer a sua palavra, que é um direito, mas também o gosto pessoal, profundamente respeitável de expressá-la". (2001: 131)
Diante de tantas considerações expostas podemos concluir que a Filosofia da Educação cumpre um papel fundamental dentro da escola, enquanto detentora do processo educativo. Ela propõe um movimento de auto-reflexão, isto é, uma postura refletida da educação, propondo que o fazer pedagógico não se desvincule da realidade. A atitude filosófica abre caminho para a democracia onde todos podem expor na informalidade as suas experiências de vida e opiniões, mas também respeitando a educação formal e legal da escola. A reflexão filosófica não acontece do nada, mas através da análise e da crítica pelo ser pensante, no exame do significado e dos fundamentos de conceitos, crenças, convicções e pressuposições básicas, mantidos por ele próprio ou por outros seres pensantes. A atitude filosófica, requer a habilidade de identificar, analisar e resolver os problemas. Se há um espaço fértil para brotar a consciência filosófica e a reflexão crítica, esse espaço está na Educação. É nela que encontramos as contradições, as idéias, as vertentes teóricas, ideológicas e, a própria prática.
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
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