A escola como espaço sociocultural
*Silvana Gonçalves da Rosa
*Sandra Paula Ferrari
*Vilson Antônio Arruda
Nos dias atuais podemos observar que a escola é um local onde se humaniza, se transmite mensagens de amor, esperança, compreensão e se obtém sucesso e compromisso ativo diante da realidade educacional e social, mas também é o espaço que se comete as injustiças, as desigualdades, as situações desesperadoras e tristes de final de ano. A escola não é uma ilha, mas sim um arquipélago de diferenças sociais.
A escola como espaço sociocultural pode ser entendida como um local de espaço social próprio. Como instituição através de normas e regras que unificam e dão limites as pessoas. No cotidiano, com as relações sociais entre os sujeitos da escola (pais, alunos, professores, funcionários, parceiros e mantenedor).
Analisando as instituições de ensino de uma forma ampla percebemos que a escola tornou-se centrada na transmissão de conhecimentos, na homogeneidade dos conteúdos, esquecendo a diversidade, que cada sujeito trás para o âmbito da escola com experiências vividas em diferentes espaços, como: família, amigos, religião, grupos de convivência, vizinhos, política, entre outros...
O professor deste século tem que entender que a escola de hoje precisa encontrar seu caminho para a diversidade, engajando as crianças no mundo das diferenças, preparando-as para serem legítimos cidadãos. Todos nós sabemos que na sala de aula encontramos alunos de diversas culturas, como a européia, a africana, a italiana, a alemã, a japonesa, a indígena, os deficientes, homossexuais, desempregados, empregados, sem teto, com teto e a violência permeando nosso ambiente, e isto requer cada vez mais do professor um olhar diferenciado para seu planejamento, bem como para o currículo escolar, através de adaptações aos conteúdos e atividades desenvolvidas em sala de aula. Os professores não podem esquecer que cada aluno tem o seu tempo de aprendizagem e isto deve ser respeitado. Sendo assim é evidente a importância de pesquisar a história dos alunos e visitá-los em suas residências para que o conteúdo a ser estudado esteja adaptado aos seus interesses, ritmos e realidade. Gadotti (2000, pg. 56) salienta que somente uma educação multicultural pode dar conta desta tarefa.
Nesse sentido a educação deve ser compreendida, além dos muros da escola, num sentido mais amplo. Nenhum indivíduo nasce homem. A educação é o processo de produção de homens. Um determinado momento histórico (DAYRELL, 1992, p.2).
Nosso grupo (Esôfago) entende que a escola é um espaço coletivo de relações de grupo e de humanização dos indivíduos, onde a dialocidade é uma ferramenta constante e importante para o crescimento do ser humano: na sala de aula, no laboratório, na sala de informática, nas relações (no pátio, na cantina, nos corredores no refeitório), nas datas comemorativas e nas saídas de campo. Nesse ambiente de total interação existe a possibilidade de debates de idéias, sentimentos, confronto de valores e visões de mundo que interferem positivamente no processo educativo.
Na maioria das vezes o professor não percebe a importância dessas relações sociais, que pode ser potencializada a favor da aprendizagem. Ao invés disso, vê o aluno de forma homogênea e ensina os conteúdos não respeitando essas diferenças, pensando assim que está cumprindo seu papel, mas na verdade está contribuindo com os elevados índices de repetência e evasão.
O professor moderno deve planejar suas aulas voltadas para a Pedagogia Crítica e respeitadora das diferenças do “Outro”. Esta pedagogia não vê a escola apenas como espaço de reprodução das desigualdades sociais, mas como esferas públicas abertas à luta política visando o respeito e a democracia. Em outras palavras, os professores podem desempenhar uma função transformadora a partir dos referenciais dos seus alunos.
O primeiro passo em direção á uma atitude crítica diante da escolarização e do mundo, é refletirmos sobre a nossa experiência, a nossa prática enquanto educadores. Para isso, é preciso que nos façamos algumas perguntas básicas e simples:
“Por que este conhecimento esta sendo ensinado?” (MCLAREN, p. 201, 1997)
“Este conhecimento serve aos interesses de quem? Quem é excluído como resultado? Quem é marginalizado?” (MCLAREN p. 203, 1997)
Concluindo, podemos afirmar que somente através da prática transformadora e formadora crítica é que poderemos construir uma sociedade mais justa, que inclui e não exclui, e que perceba a escola como espaço de construção, através da valorização das individualidades, do respeito para com as diferenças, com a cultura de cada um, onde a educação é o elemento essencial para um mundo melhor e não reprodutora de exclusão social.
Queremos uma educação sustentável.
*GRUPO ESÔFAGO
UFRGS - REGESD EAD
Licenciatura em Biologia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. Porto Alegre: Artes Médicas Sul. 2000.
DAYRELL, Juarez T. A educação do aluno trabalhador: uma abordagem alternativa. Educação em Revista, Belo Horizonte, n15, p.21-29, jun. 1992.
MCLAREN, Peter. A Vida nas Escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos fundamentos da educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 353 p., 1997.
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