sexta-feira, 3 de setembro de 2010

RACHÂCHANT- RESENHA FILME

RACHÂCHANT


DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO

Professora: TANIA BEATRIZ IWASZKO MARQUES
UFRGS - REGESD

Aluno: Vilson Antônio Arruda1

Tarefa: Fazer uma resenha do filme

O objetivo deste trabalho é analisar criticamente as ações pedagógicas, sociais e culturais no curta metragem “Rachânchant”, baseado no texto de Marguerite Duras (1971) que conta a história cômica e elíptica de um garoto que se recusa a cooperar no processo educacional, com direção de Danièle Huillet e Jean-Marie Straub. É uma obra que descreve fatos ocorridos numa escola tradicional francesa.
A análise deste filme será feita com foco na relação entre os três personagens principais, a configuração da sala de aula, e também abordar como a aprendizagem pode ser compreendida.
Ernesto é um menino que vive numa cidade na França e a sua sensatez desafia constantemente seu professor e ironiza o sistema educacional da sua escola. Um dia, para espanto dos seus pais, Ernesto chega em casa e diz que não quer mais ir ao colégio e justifica-se relatando que só quer “aprender” o que já sabe.
Os pais do menino, surpresos, mas demonstrando ser participativos e interessados pela educação do filho, vão até a escola conversar com o professor. na tentativa de solucionar o problema do menino.
Observando, no filme, o contexto desta escola, ela representa ser fria, rígida, seca, formal e o mobiliário apresenta disposição enfileirada impedindo o diálogo entre os alunos. O recurso didático utilizado, aparece como um quadro afixado na parede mostrando a borboleta, é padronizado em preto e branco e fora de época.
Pela posição central da mesa do professor se observa que ele é o centro do ensino, e na sua postura ao conversar com a família representa aplicar na sala de aula um modelo napoleônico de educação desenvolvido no século XIX, em que só ele professa conhecimento. O filme dá a entender que o professor de Ernesto aplica o modelo da “Pedagogia Diretiva, onde o professor fala e o aluno escuta. O professor dita e o aluno copia. O professor decide o que fazer e o aluno executa. O professor ensina e o aluno aprende. O professor age assim porque ele acredita que o conhecimento pode ser transmitido ao aluno. O conhecimento não está só na escola e sim em todos os lugares. O grande educador Paulo Freire no seu livro “Pedagogia do Oprimido” condena esta educação napoleônica e como alternativa propõe uma educação libertadora-crítica.
Pensando bem, na escola de Ernesto não dá vontade, mesmo, de aprender coisas novas. Este modelo superado, desmotiva o estudante, e que não contente com a situação, quer aprender só o que sabe. Isto é comum entre os alunos da escola de hoje que se desinteressam por aprender coisas novas, mantendo-se fechados e resistentes em adquirir novos conhecimentos.
Prevalece ainda hoje o modelo tradicional de educação baseado na transmissão para memorização, ou na distribuição de pacotes fechados de informações ditas “conhecimento”. Há cinco mil anos a escola está baseada no falar-ditar do mestre e na repetição do que foi dito por ele.
Reforçando, Paulo Freire criticou intensamente esse modelo educacional. Ele dizia: “a educação autêntica não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B”. Isto é, professor e aluno aprendem juntos.
Acredito, que se a escola não se aproximar do aluno e não falar a sua linguagem, não compartilhar nas experiências, vivencias e conhecimentos que ele tem e desconhecer o seu universo infantil/adolescente/cultural/histórico/psicológico, a escola vai ficar totalmente desinteressante para o aluno e gerando violência intelectual no âmbito escolar.

1Aluno do curso de Licenciatura em Biologia – Regesd - UFGRS - 2010
Obra – Filme - Retirado do endereço
Página da REGESD – Disciplina Psicologia da Educação –
You tub
http://www.youtube.com/watch?v=bKdivIJr3Nc

COMENTÁRIO DA PROFESSORA
Vilson:

Inicias com uma contextualização do filme, o que é muito bom.
A tua análise está muito boa. Além de bem escrita, consegue trazer uma boa reflexão teórica, estabelecendo relações entre os detalhes apresentados no filme e aquilo que os autores escrevem.
A frase “Pensando bem, na escola de Ernesto não dá vontade, mesmo, de aprender coisas novas.”, me parece perfeita para descrever o filme. Mostra, dessa forma, a tua visão crítica sobre esse sistema de ensino mostrado, que, infelizmente, continua muito presente nas nossas salas de aula. Concordo, contigo. Realmente, tem que ter muita vontade para estudar numa escola assim.
Um abraço.

Professora: Tania Marques - 04/09/2010
UFRGS - REGESD


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