sábado, 5 de junho de 2010

DESDE QUANDO PEDOFILIA É PRIVILÉGIO?

Desde quando pedofilia é privilégio?

As declarações do arcebispo metropolitano de Porto Alegre, Dom Dadeus Grins, na 48ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil repercutiu negativamente em diferentes segmentos, quando sustentou de forma generalizada que a sociedade é pedófila. Avalio que o padre foi infeliz quando generalizou em sua declaração.
Para refletir sobre o assunto busquei a definição de sociedade e encontrei que: em sociologia, uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade.
Eu entendo que há alguns indivíduos na comunidade, com desvio de conduta e ética, que podem cometer atos pedófilos contra crianças e adolescentes. Entre esses, podem estar o professor, médico, pai, padrasto, irmão, padre, político, jornalista e, ou empresário. Mas não são todos, e sim partes destes segmentos.
Um indivíduo da sociedade não cientista ao declarar que toda sociedade é pedófila, certamente, não terá repercussão, mas vindo de um religioso cientista, com doutorado e mestrado, a declaração tem um valor muito significativo. Aprendi na vida acadêmica que temos que tomar cuidado ao fazermos generalizações. Feito que Dadeus não observou e acabou ofendendo todo mundo. Nasci na cidade de Viamão e conheço Dom Dadeus desde criança quando ele ainda morava no Seminário Maior de Viamão. Vigário simples, humilde, sensato, respeitado e um religioso com um rol de serviços sociais prestados para sociedade gaúcha. Porém, não posso generalizar afirmando que “todos” os sacerdotes têm as mesmas qualidades de Dom Dadeus, o que seria uma heresia.
No entanto, o que mais me surpreendeu foi a declaração que o arcebispo fez quando disse que “pedofilia não é privilégio da Igreja”. Desde quando pedofilia é privilégio de alguém? Segundo, o dicionário privilégio é uma vantagem concedida a uma ou mais pessoas contra a regra geral. Então, mais uma vez o sacerdote cometeu um deslize de grande envergadura ao tratar a pedofilia como privilégio, enquanto deveria dizer que é um pecado mortal. Será que não existe mais o pecado mortal?
Os seres humanos tendem a serem corporativistas e estão sempre buscando justificativas para sustentar a defesa dos atos não humanizados cometidos por integrantes de seus grupos, e para que essa justificativa tenha repercussão colocam todos numa mesma vala comum.

Vilson Antonio Arruda –
Professor na Escola Técnica de Agricultura de Viamão e graduando em Biologia na UFRGS.

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