sábado, 30 de julho de 2011

VIAMÃO: AUDIÊNCIA PÚBLICA DISCUTE ATENDIMENTO NO HOSPITAL DA CIDADE

AUDIÊNCIA PÚBLICA

Câmara discutiu atendimento
 no Hospital de Viamão

Sessão especial buscava avaliar a relação entre a entidade e a municipalidade e o repasse de recursos para a manutenção do atendimento 24 horas pelo SUS

VEREADOR SÉRGINHO PROPÔS A AUDIÊNCIA PÚBLICA

A Câmara de Vereadores de Viamão realizou nesta quarta-feira, 20 julho, uma Audiência Pública para discutir a situação do Hospital de Viamão e a relação desta entidade com o município. A iniciativa foi do vereador Serginho Kumpfer (PT) e estava programada antes mesmo da polêmica aprovação do projeto de lei que aumenta o valor dos repasses da prefeitura municipal para a manutenção do pronto-atendimento 24 horas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Pretendemos fazer um debate que aprofunde o entendimento dos problemas que o hospital de Viamão enfrenta e quem sabe desenhar algumas alternativas para que a população seja mais bem atendida”, justificou. Kumpfer também destacou a participação de todas as partes envolvidas, que responderam ao chamamento da Casa Legislativa, a fim de prestar esclarecimentos à comunidade. “Seria uma pena realizamos uma reunião desta envergadura sem a presença de alguma das partes envolvidas em todo o processo”, disse.
Além do vereador Serginho, que presidiu os trabalhos, fizeram parte da mesa de debates a promotora Gisele Moretto, representando o Ministério Público de Viamão, a secretária municipal de Saúde, Indiana Olinski, o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Ênio Tacques, o diretor do Hospital de Viamão, Alexandre Brito, o superintendente do Instituto de Cardiologia, Alberto Beltrame e o prefeito municipal, Alex Boscaini.


O que diz o prefeito de Viamão
Primeiro participante a se manifestar, o prefeito Alex Boscaini destacou a relação que vem mantendo com o Hospital desde o início da sua gestão. “Ainda em 2004, no final do mandato do prefeito Ridi, discutimos a retomada do atendimento 24 horas pelo SUS e até hoje honramos este compromisso. Passamos pela crise de 2006, quando a entidade mantenedora à época, não tinha mais condições de continuar administrando o hospital e assumimos o compromisso de manter o hospital aberto, pois seu fechamento seria uma grande perda para a cidade. A comunidade precisa do hospital e o hospital precisa de nós, por isso somos parceiros e vamos continuar investindo no atendimento dos viamonenses”, defendeu. Boscaini também anunciou que já encaminhou novo projeto de lei para garantir a continuidade dos repasses da Prefeitura ao Hospital, com dois meses de antecedência, antes que o atual contrato se encerre, para que os vereadores tenham tempo suficiente para avaliar a parceria.

O que diz o superitendente do Hospital

BELTRAME SUPERINTENDENTE DO HOSPITAL
Para o superintendente do Instituto de Cardiologia, atual mantenedora do Hospital de Viamão, Alberto Beltrame, a mobilização da comunidade e das forças legítimas para discussão do tema é um fato bastante positivo. “Isso é um bom sinal, deve ser comemorado. O HV é um patrimônio da comunidade, pertence à população”, afirmou. Beltrame também lembrou a crise de 2006, quando o IC assumiu a administração da entidade. “A Santa Casa ficou 35 dias avaliando a situação e recusaram administrar o hospital. Tivemos cerca de uma semana para viabilizar a administração do HV e desde lá fazemos o possível para atender com qualidade a população que nos procura”, afirmou.
O superintendente disse ainda que o Instituto não tem interesse econômico no HV que ainda não consegue se manter com os recursos que recebe e necessita de aporte financeiro do grupo. “Hoje temos um déficit de quase R$ 1,4 milhão, uma folha de pagamento de cerca de R$ 1 milhão/mês e quem paga esta conta é o IC, de Porto Alegre”. Quanto ao atendimento e a dificuldade em conseguir profissionais, Beltrame afirmou que o atendimento em Viamão, em vista às diversas especialidades que o HV oferece, precisa de mais plantonistas do que o atendimento em Porto Alegre, no Instituto de Cardiologia. “Soma-se a isso a grande quantidade de pessoas que procuram os nossos serviços e o pouco volume de recursos que administramos.
Temos que encontrar uma alternativa para que o HV continue prestando seus serviços”, finalizou.
O superintendente do Instituto de Cardiologia, Alberto Beltrame, garantiu que nunca foi tirado dinheiro do ICHV. “Muito pelo contrário, usamos dinheiro do hospital de Porto Alegre para viabilizar a manutenção dos serviços do hospital de Viamão. Quando assumimos o hospital, o valor da hora do plantão, por exemplo, era R$ 32,00. Hoje, é R$ 90,00. E a receita continua a mesma. A folha de pagamento era de R$ 500 mil e hoje chega a R$ 1,4 milhão”, defendeu Beltrame, que ressaltou, ainda, que os recursos enviados pela prefeitura são muito necessários, mas é importante buscar outras fontes. “Temos que encontrar alternativas para viabilizar o aumento na prestação de serviços. Queremos alcançar em Viamão o mesmo conceito que temos em Porto Alegre. ”


O que diz o diretor do Hospital

ALEXANDRE BRTTO DIRETOR DO HOSPITAL
O diretor do Hospital de Viamão, Alexandre Brito, afirmou que o principal problema da instituição é cultural, pois as pessoas costumam se dirigir para outros hospitais, em Porto Alegre, por acreditar que o HV não atende à população. “Estamos trabalhando para mudar esta imagem junto à comunidade. Mas para isso sabemos que temos que mudar também o atendimento”, destacou. Segundo Brito o principal ponto de conflito atualmente é o setor de Emergência que em períodos anteriores sofria com a falta de vagas e profissionais. A orientação agora é que a Emergência “não fecha mais e não se deixa de atender nenhum paciente que procure auxilio”, afirmou. Brito ainda falou sobre as mudanças que estão sendo implementadas, com a racionalização de alguns serviços. Essa otimização visa além de melhorar a qualidade dos serviços prestados, diminuir os custos e as despesas do hospital. “Nossa meta é até o final do ano transformar a administração. Se ela não for rentável que pelo menos os números do que se recebe de recursos e as despesas, empatem”, torce.
Outra novidade é a adoção do sistema de Classificação de Risco, adotado em todo o mundo que se vale de parâmetros para hierarquizar o fluxo de atendimento, priorizando os casos mais graves e urgentes. “Todos serão atendidos, dentro das possibilidades do corpo médico e da urgência do caso. Para nós não há distinção entre pacientes do convênio, do SUS ou do Centro Clínico. O paciente para nós é um só”, finalizou.
O diretor do hospital de Viamão, Alexandre Brito, disse que já está trabalhando para mudar a imagem e recuperar a credibilidade da instituição. Brito reconheceu que o principal local de conflito é a emergência, mas alegou que o problema é inerente a todos os hospitais públicos do País. “A primeira medida que tomamos é não dizer mais que não temos médicos, pois isso não é verdade. Se faltam dois ou três, temos mais oito à disposição. Nosso objetivo é chegar com as contas em dia até o final do ano, no mínimo empatando os valores. Para isso, já estamos tomando algumas medidas, tais como, otimização dos serviços, redução de gastos e recuperação da credibilidade. Vamos humanizar o hospital com uma reestruturação geral, começando pela emergência. Também queremos acabar com a fila de espera nas cirurgias que são de competência do município”, explicou Brito.


O que diz o Ministério Público
MP cobra qualidade dos serviços

PROMOTORA GISELE MORETO COBRA QUALIDADE DOS SERVIÇOS


A promotora de Justiça, Gisele Moretto, afirmou que o Ministério Público tem monitorado a situação do Hospital de Viamão e agido sempre que necessário. Para ela a principal questão é o atendimento à população, e as queixas da comunidade são sempre investigadas. “A percepção mais comum é quanto à falta de atendimento e o atendimento precário da população”, explicou. Ainda contra o Hospital existe, segundo a promotora, uma denuncia do Conselho Regional de Medicina que recomenda a interdição da instituição por problemas éticos levantados pelo próprio CREMERS. “Nosso objetivo nunca é e nunca será optar pelo processo de fechamento do HV. E para isso realizamos diversas audiências e ajustes são realizados pelos administradores. O que cobramos agora é a elaboração de um cronograma para que sejam atendidos os acordos celebrados para a correção dos problemas apontados”, afirmou Gisele Moretto.
A promotora de Justiça do município, Gisele Moretto, lembrou aos dirigentes do hospital que no Ministério Público tramitam vários inquéritos que envolvem o hospital. “Porém, confesso que hoje, depois de tudo que ouvi aqui, estou mais tranquila, pois acredito que todos merecem uma segunda chance. Espero que a administração do hospital seja mais transparente e que realmente qualifiquem e aumentem os serviços prestados à população desse município.” Gisele pontuou que os problemas são muitos e a insatisfação da população é grande, causando grande preocupação ao MP. “Não queremos o fechamento do hospital. Queremos o comprometimento dos dirigentes e que apresentem em um curto prazo um cronograma do que estão querendo realizar.”

O que diz o Conselho de Saúde

PRESIDENTE DO CONSELHO COBRA PLANO MUNICIPAL DE SAÚDE
Já o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Ênio Tacques, disse que o conselho tem fiscalizado e acompanhado todos os contratos de parceria entre a entidade e a Administração Municipal. Tacques considera que a falta de um Plano Municipal de Saúde, efetivamente aprovado pelo conselho e transformado em lei, dificulta qualquer discussão ou avanço nas parcerias como hospital. “Precisamos discutir o sistema de saúde como um todo, para então construir uma parceria com o Hospital de Viamão que realmente funcione”, salientou.


Secretária destaca pontos positivos

SECRETÁRIA DA SAÚDE, INDIANARA FRANCO, INFORMA
QUE O HOSPITAL ESTA PASSANDO POR UMA AUDITORIA
Criticando a maneira como são destacados os pontos negativos com relação ao Hospital de Viamão, a secretária municipal de Saúde, Indianara Olinski, afirmou que a Secretaria de Saúde também avalia continuamente os aspectos positivos da parceria com a entidade. “Realizamos permanentemente a avaliação dos serviços prestados para a comunidade, junto com a administração do hospital e com a Secretaria Estadual da Saúde, que também destina recursos para o HV. Se ficássemos sem o atendimento do HV que sofreria seria a população”, comenta.
Enquanto isso, a secretária municipal de Saúde, Indianara Franco, lembrou que o hospital está passando por uma auditoria, promovida pelo município e o Estado. “É importante verificar a deficiência financeira e o que a União, o Estado e o município podem fazer para manter o hospital aberto prestando um serviço de qualidade à população. Uma das medidas relevantes que o hospital vai tomar é a classificação por risco, onde as pessoas vão saber qual o tempo de espera, como já acontece nos hospitais da Capital”, colocou a secretária.
Indianara também comentou a possibilidade do Vale do Gravataí receber um hospital regional, o que ela considera insuficiente, pois na verdade deveríamos estar discutindo a redefinição das referencias do Vale. “Transformar nossos hospitais em centros de referência qualificaria os já existentes e garantiria mais recursos para a região, e não para Porto Alegre, que hoje é o centro de referencia em atendimento, recebendo um maior volume de recursos”, aposta.

Vereadores se manifestaram
O vereador Joãozinho da Saúde (PMDB) aproveitou a presença do prefeito para cobrar do Executivo a realização de concurso público para a contratação de profissionais de saúde. “O senhor sabe que o MP já se pronunciou a respeito das contratações emergenciais. A população não pode ficar sem atendimento e a sua obrigação é manter os serviços. Então prefeito, peço que o senhor considere a possibilidade de realizar os concursos o mais rápido possível”, disse.
Quanto à questão do Hospital, Joãozinho criticou o sistema SAMU que faz com que muitos acidentados sejam encaminhados para o HV, mesmo que o hospital não tenha condições de socorrê-los. “O regulador do SAMU sabe que o nosso hospital não tem condições de atender um politraumatizado. Mandá-lo para cá, para ser estabilizado antes de ser encaminhado para um hospital especializado é uma perda de tempo e de vidas, muitas vezes.

Vereador Romer:
Rebatendo a afirmação do atual diretor do Hospital de Viamão que credita aos aspectos culturais as dificuldades que o HV enfrenta, o vereador Romer Guex (PSOL) disse que a saúde em Viamão não se resolve não é porque a cidade é ao lado de Porto Alegre. “Pelo contrário, o que salva o viamonense de uma situação caótica é exatamente esta proximidade com a Capital. Temos o pior sistema de saúde do Brasil, entre as cidades com mais de 250 mil habitantes”, denunciou.
Romer também criticou a maneira como a Prefeitura e o HV celebram seus convênios que continuam obscuros. “O Hospital sempre diz que precisa mais dinheiro, mas não diz se vai atender mais. Não sabemos o que o novo convênio vai oferecer à comunidade e a nossa intenção quando aprovamos o repasse por apenas três meses era acompanhar a evolução do processo, se esse aumento de recursos iria se refletir em aumento na qualidade dos serviços prestados. Ainda estamos esperando as respostas”, declarou.

Nadim quer analisar contrato do convênio
Outro vereador que se mostrou preocupado com o convênio foi o vereador Nadim Harfouche (PP). Ele disse que a Câmara e os Vereadores são constantemente cobrados sobre o assunto e que se a Casa tem responsabilidade deve também ter acesso a todo o processo. “Somos testemunhas oculares, muitas vezes, de que o atendimento é precário e também ouvimos as reclamações da população, mesmo que o contrato determine um nível mínimo de atendimento, nós queremos também discutir este contrato e não somente autorizar o repasse de R$ 300 mil sem saber o que realmente consta no contrato. Não queremos simplesmente pagar por pagar. Queremos o atendimento estabelecido no convênio e no contrato”, afirmou.
Nadim também comentou a informação do prefeito de que o projeto de lei já estaria protocolado para análise dos vereadores. “Se não conhecermos profundamente o contrato, não há motivo para discutirmos o projeto de lei. Somos responsáveis e solidários com toda a situação, então nosso dever é aprofundar o debate, pelo bem da comunidade”, concluiu.
Ao final da audiência, o vereador Serginho Kumpfer avaliou como muito positivo o encontro e lamentou somente a ausência do representante do Governo Estadual. “O Estado, como parte de todo o processo com certeza contribuiria muito com o debate, mas o que coletamos aqui, nas manifestações das partes envolvidas e da comunidade vai nos municiar na construção de alternativas que irão auxiliar na qualificação dos serviços do Hospital de Viamão, vamos seguir trabalhando”, finalizou.
População participou
PÚBLICO PARTICIPOU NA AUDIÊNCIA PÚBLICA SOBRE HOSPITAL DE VIAMÃO


REFERÊNCIAS:
Eduardo Escobar - MTb nº 13.657
Fone 51 - 8442.0917 - Assessoria de Imprensa
Câmara Municipal de Viamão - RS

Texto: Beatriz Tavares e Fotos: Kauê Linhares
Asssessoria de Comunicação Social da Prefeitura

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