quinta-feira, 21 de julho de 2011

VIAMÃO: PALESTRA ABORDA GÊNERO E SEXUALIDADE NAS ESCOLAS

Palestra aborda gênero
e sexualidade nas escolas


Texto e fotos: Natália Maciel

JANE FELIPE FAZ PALESTRA SOBR SEXUALIDADE

PROFESSORES ATENTOS AS ORIENTAÇÕES DA EDUCADORA



Fez parte do cronograma da tarde do Congresso de Educação a palestra de Jane Felipe, graduada em Psicologia pela UFRJ, mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ), doutora em Educação pela UFRGS e membro do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero (GEERGE). O tema abordado foi gênero e sexualidade nas escolas.
A palestrante destacou que apenas 5,5% das escolas brasileiras possuem algum projeto de Educação Sexual. “Alguns dados demonstram a relevância do tema, como o fato de haver um grande número de DSTs e gravidez na adolescência, o que causa o abandono à escola por 25% das adolescentes; o início da vida sexual da menina, que é entre os nove e 13 anos, por exemplo”, afirmou.
Ela explicou que o conceito de gênero tem o objetivo de questionar a ideia de que uma “essência” ou “natureza” explique os comportamentos de homens e mulheres, posicionando-os de forma desigual. De acordo com Jane, o gênero tem uma ênfase na construção histórica, social, cultural e linguística na construção da masculinidade e da feminilidade.
Segundo a palestrante, o comportamento do homem e da mulher é acionado pelos pais desde pequenos. “O fato de se padronizar os brinquedos de meninos e meninas já é uma forma de construir a feminilidade ou masculinidade da criança. Quando um menino brinca com coisas consideradas de meninas, isso é visto como um desvio de conduta. A verdade é que a criança irá brincar com qualquer coisa, no entanto desde pequenas elas já são ensinadas pelos pais sobre o que podem ou não fazer. Essas determinações acabam limitando também o desenvolvimento dessa criança”, explicou.
Conforme Jane, a construção da masculinidade se dá por meio do incentivo à competitividade e também à misoginia e homofobia. “Os meninos já são educados desde cedo a não levarem desaforo para casa, ou então a terem aversão a tudo que é considerado feminino. Sei de professores que exigem bom comportamento dos alunos alegando que, se não obedecerem, irão sentar na mesa das meninas”, contou.
Já na construção da feminilidade, está presente o incentivo à domesticidade, à maternidade, ao romantismo e ao embelezamento. “Além disso, ao contrário dos meninos, as meninas são educadas mais rigorosamente e estimuladas a nunca se envolverem em confusão. Um exemplo são as mulheres violentadas pelos maridos e que mesmo assim não os denunciam.” ressaltou Jane.
A palestrante falou sobre a necessidade de se aprofundar na abordagem da sexualidade nas escolas. “Ela é discutida nas instituições apenas pelo viés biológico, o que é um trabalho muito limitado. Não há nenhum projeto contínuo nas escolas acerca dessa temática, apenas eventuais palestras”, destacou.
Segundo Jane, a sexualidade pode ser trabalhada de diversas formas “Na matemática, por exemplo, ela poderia ser abordada através de estatísticas; na história, por meio das definições ao longo dos séculos e as conseqüentes mudanças, etc. Nossa obrigação é ampliar o conhecimento, tanto o nosso como o dos alunos, e encontrar formas de atuação da temática nas escolas”, encerrou.

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