atendimento no hospital
Texto: Beatriz Tavares
Fotos: Kauê Linhares
Uma audiência pública na noite de quarta-feira (20) debateu a qualidade do atendimento prestado à população pelo Instituto de Cardiologia Hospital de Viamão (ICHV), administrado pelo Instituto de Cardiologia, desde 2006. O hospital vem sofrendo muitas críticas devido à falta constante de médicos, superlotação e demora no atendimento.
O vereador Sergio Kumpfer, que promoveu a audiência, relembrou a história do hospital, destacando que, em 1997, quando o Partido dos Trabalhadores (PT) assumiu a prefeitura de Viamão, o hospital estava descredenciado do SUS. “A prefeitura, então, comprou um determinado número de partos e, logo depois, firmou convênio para cirurgias eletivas. Em 2006, o Instituto de Cardiologia assumiu o hospital, recebendo recursos da União, do Estado e do município, disponibilizando o pronto-atendimento 24 horas dois anos depois.
O prefeito Alex Boscaini deixou claro a importância do hospital para o município. “A população precisa do hospital. Se está ruim com ele, pior sem ele. Inclusive, protocolamos hoje na Câmara de Vereadores a renovação do convênio de repasse de recursos para o hospital, que deve passar de R$ 280 mil para R$ 300 mil por mês. Temos que fiscalizar os serviços prestados e cobrar resultados, com responsabilidade. É claro que o hospital tem problemas, mas temos que valorizar o que já foi feito até aqui”, disse o prefeito.
O superintendente do Instituto de Cardiologia, Alberto Beltrame, garantiu que nunca foi tirado dinheiro do ICHV. “Muito pelo contrário, usamos dinheiro do hospital de Porto Alegre para viabilizar a manutenção dos serviços do hospital de Viamão. Quando assumimos o hospital, o valor da hora do plantão, por exemplo, era R$ 32,00. Hoje, é R$ 90,00. E a receita continua a mesma. A folha de pagamento era de R$ 500 mil e hoje chega a R$ 1,4 milhão”, defendeu Beltrame, que ressaltou, ainda, que os recursos enviados pela prefeitura são muito necessários, mas é importante buscar outras fontes. “Temos que encontrar alternativas para viabilizar o aumento na prestação de serviços. Queremos alcançar em Viamão o mesmo conceito que temos em Porto Alegre.”
ICHV quer recuperar imagem
Já o novo diretor do hospital de Viamão, Alexandre Brito, disse que já está trabalhando para mudar a imagem e recuperar a credibilidade da instituição. Brito reconheceu que o principal local de conflito é a emergência, mas alegou que o problema é inerente a todos os hospitais públicos do País. “A primeira medida que tomamos é não dizer mais que não temos médicos, pois isso não é verdade. Se faltam dois ou três, temos mais oito à disposição. Nosso objetivo é chegar com as contas em dia até o final do ano, no mínimo empatando os valores. Para isso, já estamos tomando algumas medidas, tais como, otimização dos serviços, redução de gastos e recuperação da credibilidade. Vamos humanizar o hospital com uma reestruturação geral, começando pela emergência. Também queremos acabar com a fila de espera nas cirurgias que são de competência do município”, explicou Brito.
MP cobra mais qualidade nos serviços prestados pelo Instituto
A promotora de Justiça do município, Gisele Moretto, lembrou aos dirigentes do hospital que no Ministério Público tramitam vários inquéritos que envolvem o hospital. “Porém, confesso que hoje, depois de tudo que ouvi aqui, estou mais tranquila, pois acredito que todos merecem uma segunda chance. Espero que a administração do hospital seja mais transparente e que realmente qualifiquem e aumentem os serviços prestados à população desse município.” Gisele pontuou que os problemas são muitos e a insatisfação da população é grande, causando grande preocupação ao MP. “Não queremos o fechamento do hospital. Queremos o comprometimento dos dirigentes e que apresentem em um curto prazo um cronograma do que estão querendo realizar.”
Enquanto isso, a secretária municipal de Saúde, Indianara Franco, lembrou que o hospital está passando por uma auditoria, promovida pelo município e o Estado. “É importante verificar a deficiência financeira e o que a União, o Estado e o município podem fazer para manter o hospital aberto prestando um serviço de qualidade à população. Uma das medidas relevantes que o hospital vai tomar é a classificação por risco, onde as pessoas vão saber qual o tempo de espera, como já acontece nos hospitais da Capital”, colocou a secretária.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Ênio Tacques, aproveitou a audiência para esclarecer quais as competências da entidade. Ao final da audiência, o prefeito Alex Boscaini falou que os hospitais de Porto Alegre devem acolher pacientes de outros municípios, pois recebem a maior parte dos recursos da União. Também a secretária Indianara esclareceu quais são as competências do sistema de saúde do município. A questão também fez parte da fala da promotora Gisele, esclarecendo que Viamão é habilitado na atenção básica, sendo os casos que exigem mais complexidade do sistema, encaminhados aos hospitais da Capital.
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